29 de ago. de 2010

Não há salvação pelas obras, porque não há bem naquilo que o homem obra.



O que a mente alienada de Deus, mancomunada com as trevas, de mãos dadas com o maligno jamais entenderá, é que a salvação em e por Jesus Cristo, se dá única, exclusiva e efetivamente pela graça e por ela somente. A graça de Deus não age na mesa da barganha nem na peita do “uma mão lava a outra”. Não espera ser correspondida pelo seu objeto de alcance, pois se assim o fosse tal graça reduzir-se-ia banalmente a uma mera recompensa, porém, uma recompensa inalcançável, inacessível, pois o objeto que por ela obrasse, a saber, o homem, jamais a alcançaria, posto que tal homem sem Deus, jamais moverá sequer um passo em sua direção, isso porque o veredicto dado pela Escritura Sagrada o desfavorece, neste julgamento do qual Deus é o supremo Juiz e aferidor da sentença:


“Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um.” (Sl 53.2,3)

Somos salvos pela graça, porque pelo mérito seríamos condenados. Somos salvos pela graça, porque falta-nos a justiça necessária para entrarmos nos “santo dos santos” sem sermos fulminados. O homem sem Deus é ímpio, pois anseia tenazmente vaguear na senda incerta que o mundo o enclausurou com seus pés mancos, ouvidos moucos, visão turva e coração irremediavelmente entenebrecido pelo pecado que guerreia contra a paz de Deus, aprisionando-o no neste pecado, à mercê de suas insólitas consequencias. A ordem do Senhor para os que desejam agradá-lo é “Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre” (Sl 37.3). Porém, se tratando dos que querem agradá-lo sem responsabilizá-lo pela força e vida, tal como a seiva da raiz é responsável pelo fruto dos ramos de uma árvore, fracassarão, pois “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque.” (Ec 7.20)

O ímpio não pode laborar a favor da verdade porque “Com as suas línguas tratam enganosamente” (Rm 3.13). Não podem com seu fôlego louvar ao Senhor porque sua “boca está cheia de maldição e amargura” (Rm 3.14). Não conseguem trilhar sua lida em busca do caminho que os leva á vida Eterna porque “Os seus pés são ligeiros para derramar sangue, em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz..” (Rm 3.15). Não hesitam em praticar a maldade porque “Não há temor de Deus diante de seus olhos.” (Rm 3.18)

Por essa razão, a salvação não pode estar sob ombros humanos, a depender de seu engajamento para satisfazer as exigências salvíficas, porque não há, e jamais haverá sequer uma partícula de luz no recôndito do seu ser a brilhar, deste para Deus, para que por essa suposta e utópica boa ação, seja por Deus conquistado e recebido para salvação porque "Quem do imundo tirará o puro? Ninguém." (Jó 14.4). Analisemos a verdade da Escritura e o que por meio dela Deus nos revela. Se “do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt 15.19) e “uma vez que tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.” (Tg 3.12), como então seria possível a essa vontade, submetida a uma força maior e antecessora que a controla, trilhar autonomamente, os retos caminhos de Deus? Se o coração do homem é fonte de toda sorte de pecados e se de uma fonte apenas, não seja possível jorrar simultaneamente uma torrente de água doce e outra amarga, então não há nada que esse homem faça para que por meio de méritos próprios se faça merecedor de Deus, praticando um suposto bem o qual se acha enganosamente capaz de fazer, isso porque o homem sem Deus é homem perdido, irreconciliável, destinado a condenação. 

Certamente, ante a essa exposição radical e radicalmente bíblica, alguns que são simpatizantes a salvação que segundo acreditam, se dá sinergicamente entre Deus e homem, me dirão que há um justiça no homem sim, embora inerte, porém a espreita, a fim de que ladeada da força de Deus, motivando este Deus a agir pela a ação primeira daquele, ajam juntos para benefício da salvação do homem, mas “Como, pois, seria justo o homem para com Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher?" (Jó 25.4) Ou ainda, que homem, que por sua própria capacidade “poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?” (Pv 20.9). Nenhum homem pode ir contra sua própria natureza dantes boa, agora caída em sua própria estultícia porque “Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias.” (Ec 7.29) A Escritura Sagrada é a luz que vai adiante de nós, alumiando o caminho pelo qual peregrinamos, e por meio dela, Deus desnuda-nos e mostra-nos quem de fato somos, e o que somos sem Deus, não agrada aos ouvidos do homem sem Deus.

Enquanto da Escritura a voz de Deus estrondeia a composição de nossa débil natureza, o homem sem Deus busca iludir-se ostentando uma força que não tem isso porque “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (jr 17.9). Ao Olhar Deus dos céus a vida dos homens na terra, ele sentencia: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um” (Sl 14.3). Se Deus, ao observar nossa frenética vida existencial, que gira em torno dos desejos que circundam o nosso umbigo, diz que ao homem lhe é impossível fazer o bem por si só, como se encorajam alguns a dizer que nos passos pelos quais se consuma a salvação, cabe o homem dar o primeiro passo a fim de que Deus, por meio de uma ação correspondente de honra ao mérito humano, responda-o dando o segundo passo? Que graça é essa, que espera o passo inicial de alguém e ainda se intitula de graça? Se alguém receber alguma coisa por merecer a isso não devemos chamar de graça, mas sim de soldo ou ainda salário e “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.23). Se a morte é seu soldo merecido e a graça é dom gratuito ternamente concedido, então a morte é o que o homem merece, embora não receba (digo dos salvos) e graça é o que ele recebe embora não a mereça. 


A pergunta é: Se o homem é pecador e se sua nascente é má, sendo os desejos que dela elevam-se de igual modo corruptos, donde virá o suposto bem que alguns dizem o homem ter?  A Escritura diz: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão se não há quem pregue? (Rm 10.14). Ou seja, como crerão naquele (porque por si mesmos não podem crer) que pode salvá-los, e como o conhecerão, senão por meio da palavra que apresenta Jesus aos seus corações, bem como acrescenta-lhes a fé necessária para crer nele, ou não “foi o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia?”(At 16.14). Sim de fato foi Ele, isso porque aa fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17). A Fé vem, não nasce do coração do homem, vem de quem a tem para concedê-la, ela vem “descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tg 1.17)

O homem sem Deus é tão imundo que se “tu, SENHOR, observares as iniqüidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl 130.3). Se Deus levasse em conta quem o homem é, nem ao menos sería estendido a nós a possibilidade de salvação. A Salvação iniciou-se não por um desejo de Deus em dar ao homem a oportunidade que lhe é de direito, mas sim “Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou,” (Rm 9.23). Os que resistem em se renderem à doutrina bíblica de que Deus é plenamente soberano e soberanamente responsável por tudo que aos homens é acometido, devem compreender que a Salvação é um ato arbitrário de Deus (Resultante de arbítrio pessoal; de ninguém mais além dele), no sentido de que ele não sofreu coerção, nem imposição para levá-la a efeito; Deus não é forçado a salvar para corresponder a alguma coisa que alguém possa ter feito a ele, pois “quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?” (Rm 11.35) ou como para cumprir um roteiro de final feliz que alguém possa ter escrito para que assim o fosse. Pois então se Deus quisesse julgar-nos por aquilo que somos, nós aqui não estaríamos por isso o rogamos a que “não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente” (Sl 143.2). E se assim não quisesse agir, alguns inconsequentes entre os poupados, jamais estariam agora o indagando dizendo “Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Is 45.9)
 
Isso não me assombra, pois não é outra coisa, senão a medida dos homens no cabal cumprimento das profecias de Deus. Não há sequer uma ínfima possibilidade de o homem ser bom levando sua salvação a seu termo e não há justificativas plausíveis para dizer que ele o seja ou possa vir a ser autonomamente, face ao mal do qual ele, o homem, está dolosamente envolvido jurídica e soberanamente responsabilizado por Deus. Desde a mais tenra idade, ou ainda, desde o início do seu “vir a ser” ele é mal, pois “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras”. (SL 58.3). 

Muitos são os que dizem que Deus, motivado por sua livre escolha de nos amar nos poupou do furor de sua ira, que justamente nos lançaria no inferno, onde a total separação com Deus imperaria eternamente. Somos alvos de sua infinita graça, de seu amor unilateral que jamais dependeu ou dependerá de seu objeto, de igual modo afirmam. Bom, então analisemos isso às últimas consequências. Se somos alvos de sua graça, o que de fato nós somos, então caso Deus optasse por agir de forma justa e não graciosa conosco, (o que ele fará com alguns), não poderíamos reprová-lo, nem argui-lo, pois estaria punindo-nos pelos erros que segundo nos constam, somos culpados. O que é culpa, senão o que Deus imputa em nos por sermos pecadores, e o que é graça senão a ação voluntária de Deus, em que, ao invés de permitir que sejamos ovelhas obstinadamente desgarradas, esse Deus, por si só e para si só, restitui-nos ao seu aprisco, buscando-nos quando não queríamos voltar, amando-nos quando o aborrecíamos, se entregando por nós, quando sequer beleza víamos nele para que o desejássemos? (Is 53.5) Sem Deus a nossa escolha seria o pecado, nada além de nos sujarmos no lamaçal do pecado “Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, e renuncia ao SENHOR." (Sl 10.3)

Se o homem nasce mal, isso significa que impossivelmente ele se tornará em algo além daquilo que ele inerentemente o é. Se caso houvesse no homem a capacidade de pelos seus próprios logros ser bom ou mau, tal ênfase que lhe é dada pela Bíblia, ao dizer que o homem é pecador seria incoerente, se caso lhe fosse possível ser um ou outro, bastando-lhe apenas correr atrás do prejuízo; mas isso, Israel bem que tentou. Com mãos sujas de sangue e templo profanado pela idolatria, Israel, pôs-se a tentar cumprir os mandamentos de Deus sem Deus. Mas o Eterno chamou o profeta e a seu povo por meio dele o exortou:

“Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” (Jr 13.23)

Portanto, salvação não pode acontecer pelas obras porque não há obras que lhe sejam boas, quando produzidas estritamente pela alçada humana.

Ainda alguém poderá perguntar: Mas por qual motivo faz-se necessário dizer tão enfaticamente que o homem é pecador? Além do fato de julgar tal proclamação relevante, pela razão de constarem tais declarações como minas na Escritura Sagrada, somente assim nós compreenderemos o quanto Deus se proclama como Soberano em nossa salvação. 

Somente assim entenderemos o Senhor Jesus a nos dizer que “sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.5). Entenderemos Paulo quando diz que “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,” (2 Co 3.5), e assim daremos toda honra à Deus e sua justiça por estarmos onde estamos, nos lugares celestiais em Cristo Jesus, restaurados ao reino do filho do seu amor, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo.                 Finalmente, assim, somente assim subiremos humildemente “ao templo”, não a esbanjarmos uma louca auto-justiça diante do Eterno, mas sim batendo a mão sobre ao peito, ao menear de nossa cabeça, certificaremos o quão indignos somos de seus favores, e assim declararemos, no grito de um suplicante pecador: “O Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lc 18.13)
 
Graça e Paz
Mizael Reis 

17 de ago. de 2010

Deus é Soberano




Afirmar-se ao lado de uma declaração qualquer, mesmo não provando-a,  e não experimentando nos lábios o sabor de sua veracidade não é difícil. Palavras podem ser irresponsavelmente ditas por lábios de corações não tão entranhavelmente comprometidos com as implicações que inevitavelmente carregam algumas declarações que se pretende afirmar. E sem dúvida a afirmação em voga elenca infelizmente no rol de muitas dessas más intenções, ou seja, afirmar que Deus é Soberano sem responsabilizar-se das conseqüências inevitáveis que essa declaração carrega, não é difícil, conquanto ditas por mentes não submetidas ao que as Escrituras Sagradas dizem a respeito dela. 

Deus é Soberano. Eis uma argumentação perpetrada por não poucas comunidades cristãs que se declaram ortodoxas e por muitos cristãos que dizem crer no Deus que a tudo sabe e a tudo governa. Por vezes, muitos sem hesitar, ratificam-na sem a devida consciência teológica, que deveria levá-los às últimas conseqüências de uma teologia que faz com que todas as coisas, sem exceção, de quaisquer naturezas, sejam submetidas à regência mestra da soberania de Deus. Dizer por dizer, por mero chavão litúrgico-denominacional, que Deus é soberano é fácil. Agora, afirmar essa incomensurável verdade, interpretando-a lado à lado dos acontecimentos da história à luz do escrutínio bíblico acarretará com que muitos sejam demovidos de sua zona de conforto que sustenta uma crença em um deus fraco, em detrimento da crença em um Deus forte e plenamente Soberano. A verdade é que, quando tratamos de questões, julgadas por muitos de nós, como não tão importantes à fé que se professa (Algo que não seja a Soberania de Deus – algo mais simples), sempre existe um meio de alinharmos tais questões e alguns questionamentos, com algumas das fracas concepções de Soberania divina que muitos insistem em defender. Contudo, quando ousamos argumentar sobre algumas questões que fazem sucumbir este fraco casamento de idéias, como a existência do mal, do pecado e da dor, alguns se dão por vencidos e já o deus que afirmam ser soberano, não reina o suficiente para por ao chão algumas questões que tais pessoas julgam-nas como dilemas insolúveis. Essa confusão mental e humana, em grande medida, tem como alvos vulneráveis, pessoas que não abraçam inegociavelmente tudo quanto as Escrituras sagradas banqueteia-nos sobre a Supremacia de Deus sobre todas as coisas. 

Portanto, Dizer que Deus é Soberano significa responsabilizá-lo por tudo que aconteceu, ora acontece e ainda acontecerá, pois não há nada que se suceda no mundo dos homens, que não seja decretado pela vontade irreduzível de Deus. Para Deus não existem planos frustrados, isso porque “nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Jó 42.2), e não há nada que tenha saído de uma maneira por ele não determinado, tal como um tiro pela culatra, pois, “Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.” (Sl 135.6). Analise comigo, se nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado então a possibilidade de que algo esteja acontecendo na terra a seu contragosto, longe de seu diretivo controle, é totalmente impossível de conceber-se sendo, portanto, descartada pelas Escrituras, porque o Eterno assegura: “O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Is 46.10). Em nenhum momento da história a criatura sublevou as intenções de seu Criador, que não olha para trás em busca de erros que ele jamais cometeu, e que olha para frente dirigindo a história, sobre a certeza de que nunca, jamais errará em tudo que realizar isso porque o que “O SENHOR dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?”. (Is 14.27) Não houve momento algum que sua vontade tenha sido preterida pela intervenção de uma suposta volição humana, isso porque tal volição é impossível, pois é “Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.” (Sl 33.15). Os homens podem até gloriarem-se por levar a cabo seus próprios planos, mas no final das contas é o SENHOR quem determina os seus passos  (Pv 16.9). Isso nos leva a crer que  Deus conhece todos os nossos passos, que são soberanamente delimitados pelo tempo que ele próprio contabilizou para cada ser humano, isso porque “Os passos do homem são dirigidos pelo SENHOR” (Pv 20.24) e os “seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles” (Jó 14.5). Deus ainda é aquele que diz que “ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos” (Is 43,13), e se os homens forem surpreendidos pelas insólitas dores do mal, O Eterno não estará à margem dos seus infortúnios, de forma que o não-desejado ocorra, contra o que supostamente deveria acontecer, ou Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem?”(Lm 3.38). E se o homem iníquo resistindo a Deus, dos seus planos nesciamente se queixar, o tal queixar-se-á, “cada um dos seus pecados” (Lm 3.39), e jamais contra o beneplácito irrevogável do Eterno, pois quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?”(Rm 9.19), porque “Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos? Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à luz? “Assim diz o SENHOR, o Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos”. (Is 45.9). Ainda quanto ao mal, não podemos categorizá-lo como algo que o Eterno não tenha determinado como se fosse algo desconexo à sua vontade, pois veja: Deus estava por trás da traição dos irmãos de José (Gn 45.5-8), na esterilidade de Ana (1 Sm 1.15), no Furor dos Babilônios (Is 14.26,27), no desejo de Sansão de tomar um mulher entre os filisteus (Jz 14.4), no desprezo que teve Roboão contra os sábios conselhos dos anciãos, deflagrando a divisão do Reino de Israel (1 Rs 12.15) até o ódio que teve um tal faraó que não conhecia a José, em tempos posteriores à fome, também vinha de Deus:
“E aumentou o seu povo em grande maneira, e o fez mais poderoso do que os seus inimigos.Virou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tratassem astutamente aos seus servos”. (Sl 105.24,25)

Deus é aquele que endureceu o coração de Faraó, afim de que este o resistisse, por um pouco de tempo, enquanto ELE envergonhava-o diante do seu povo eleito, na magistral intervenção milagrosa das dez pragas. E isso é-nos afirmado em inúmeras passagens de Êxodo, como uma linha a costurar as suas páginas, certificando-nos do controle de Deus em todos os momentos. (4.21; 7.3,13; 9.12; 10.1,20, 27; 11.10; 14.4,87).
Diante da Palavra do Senhor, como olvidá-lo ou como não imputar-lhe a soberania ao desenrolar da história, se até o dia da calamidade que aflorará contra os perversos fora determinado por Deus? (Pv 16.4)
Se do Senhor vem a salvação (Jn 2.9), então  o objeto sobre o qual ele despensa sua redenção não poderá interrogá-lo, exigindo-lhe explicações sobre sua Soberania na salvação, e ainda a todo homem é vedado a revelação dos caminhos que ele toma para tal “pois compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer.”(Rm 9.18). E a estes a quem Deus deseja salvar que são alvos de sua misericórdia que soberanamente os atrai para o seu reduto paterno, são afortunadamente ditosos, pois “Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos fartos da bondade da tua casa e do teu santo templo”(SL 65.4) 

Há muito ainda a ser dito, sobre a Soberania de Deus, mormente sobre a Soberania de Deus na salvação (intencionalmente reduzida no presente artigo), e tão vastíssima doutrina ainda a ser conhecida, faz com que esse ínfimo artigo se assemelhe a minoridade de uma minúscula ponta de gelo a esconder a grandiosidade de um iceberg. Não que tal doutrina esteja inacessível tal como a parte maior de um Iceberg, mas sim como ainda não compreendida por aqueles que não mergulham na profundidade das Escrituras, no afã de visualizarem a grandeza dessa doutrina, larga e exaustivamente proclamada em suas páginas. Essa doutrina doravante permanecerá oculta aos que não abdicarem de suas compreensões demasiadamente sentimentais de ver os acontecimentos do mundo, forma essa ingenuinamente acunhada, embora não sem dolo, por alguns cristãos, do racionalismo, e até do ateísmo que tentam explicar todas as coisas sem entronizar Deus como a medidas de todas as coisas, e sua vontade como a explicação final de tudo que acontece. Não resta dúvida, Deus não está perdido no mundo que ele mesmo criou, enquanto os homens, como dizem alguns controlam a história com base em suas decisões, isso porque o cetro não está em mãos humanas; a coroa não está sobre sua cabeça; o trono não é o adorno de sua moradia, sequer é divino, senão um verme (Jó 25.6), ou ainda, um gafanhoto (Is 40.22) diante da imponente soberania daquele que não consulta a homens quando deseja agir.
“Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?” (Rm 11.34,35)

“E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?” (Daniel 4:35)


É Deus quem governa, e tudo quanto deseja, levará a cabo na consecução dos seus planos, sem que nada, absolutamente nada, se interponha aos seus desígnios, isso porque “dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Rm 11.36)

Graça e Paz
Mizael Reis

1 de ago. de 2010

Inclusivismo X Solus Christus

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Inclusivismo.

O inclusivismo é uma das respostas apresentadas para o problema soteriológico do mal, que procura apresentar possíveis soluções argumentativas para o destino final dos não-evangelizados, ou seja, como se dá a intervenção salvífica de Deus em terras virgens do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, ou ao menos, quais seriam os meios que porventura, Deus usaria para justificar alguém que habite em terras onde o evangelho pregado e anunciado permanece inacessível. O inclusivismo em seu pensamento conversor, não pretende, afirmam os inclusivistas, sob nenhuma hipótese, destronar o Cristianismo de seu fundador e Rei Jesus Cristo, pois alegam a exclusividade de salvação por meio de Cristo. Portanto, O inclusivista, quando na exposição da defesa do seu pensamento, jamais, segundo ele, comprometerá sua devoção ao verbo encarnado, que vem condicionando a salvação, sendo o meio pelo qual Deus resolve falar nesses últimos tempos. No afã de provar a idoneidade do pensamento inclusivista, John Sanders escreveu um livro (E aqueles que nunca ouviram?) sobre tema em nota, e no livro, Sanders apresenta alguns dos vultos que defenderam o pensamento inclusivista, são eles: Justino mártir, Abelardo, Erasmo de Roterdã, Zwínglio, John Wesley, William Shedd, A.H Strong, Karl Rahner, C.S Lewis e Wolfhart Pannenberg (pg. 24). Se analisarmos cuidadosamente os teólogos que segundo Sanders, apologizaram o pensamento inclusivista, veremos confirmada sua afirmação, alegando que os inclusivistas estão presentes nas mais diversas confissões e denominações. Portanto o inclusivismo é um pensamento que trilha sobre os teólogos, a despeito de possuírem diferentes definições em outros pensamentos. O primeiro ponto de apoio da crença inclusivista é o obstinado amor de Deus, ou como diz John Sanders, o Amor radical de Deus. Segundo a maneira inclusivista de compreender o Amor de Deus, Deus não se vê refém do tempo, nem da mensagem cristã anunciada para salvar os que jazem na escuridão, mensagem essa definida por Ele mesmo, mas não presente em alguns lugares. Daí, o amor de Deus é compelido a zelar por aqueles que partem sem terem ouvido a revelação especial de Deus, que é o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Jamais Deus permitirá que os ignorantes da mensagem do evangelho via-exposição escriturística, atravessem a outra vida, pela morte, sem que antes tenham tido a possibilidade de ouvirem o evangelho.O amor de Deus segundo os inclusivistas fala mais alto do que as suposições narcisistas e egocêntricas daqueles que não se preocupam com o paradeiro final daqueles que diferente deles próprios, não possuem a mesma oportunidade. Sendo o Evangelho uni – abrangente, pois leva sobre sua mensagem o Amor do Eterno, e diante da ausência da mensagem padrão, por Deus estabelecido para salvação, que é a revelação especial, Deus levará a efeito a mesma salvação por vias multifacetadas, manifestas por aquilo que é comumente conceituado de a revelação geral de Deus, tendo como pré-requisito ao não evangelizado a existência de uma fé que, a despeito de não ser associada diretamente a revelação de Jesus cristo, ele credita sobre tal revelação geral (pg. 40). A ação salvifica é realizada sobre os não evangelizados quando eles, no exercício da fé que manifestam, buscam a Deus pelos seus meios já concebidos, e alcançam do Deus verdadeiro, misericórdia, quando positivamente exercem essa fé. O inclusivismo superestima, ao seu modo, uma visão inclusiva do desejo de Deus na salvação, e subestima qualquer visão que delimite Deus a uma visão exclusiva. Deus é acolhedor, condescendente, longânimo, complacente, Todo-benevolente e tais epítetos não podem ser concomitalmente tecidos sobre a figura de um Deus que se antecipe em punir e condenar a reunir e salvar. Diante dessa defesa proposta pelos inclusivistas, alguém poderá questioná-los pela inexistência da pregação do lado esquerdo do julgamento de Cristo, a condenação, e tal questionamento deve sim ser respondido pelos inclusivistas, uma vez que não são universalistas. Para tal indagação, os inclusivistas manifestam-se dizendo que o inferno existe, bem como a condenação daqueles que rejeitam a salvação, mas não para os grupos menos favorecidos, ou mais discriminados. Deus abraça os convalescidos, os exauridos ao invés de bajular a casta hipócrita. Defendem que Deus sempre surpreende na salvação. Ele convida os excluídos para o banquete e os privilegia com o melhor vinho. Mesmo que essa defesa não pareça estranha às demais correntes existentes, essa é uma das bases que fundamentam o pensamento inclusivista, pois se Deus sempre favorece o excluído e isso é fato, aos mais distantes ser-lhes-ão de igual modo estendida tão grande salvação. No uso de sua misericórdia, Deus é tão abrangente, que até os esquecidos pelos conhecidos, serão por Ele reunidos no grande reduto espiritual, o reino do filho do seu amor, desde que para isso, respondam a Deus no exercício fiel daquilo que eles se identificam como fé ao seu deus, em resposta a sua revelação geral. Diante do já apresentado, tudo que fora dito, nada valeria para firmar um argumento bíblico se não houvesse um embasamento bíblico sobre o qual tal argumento possa ser balizado. As bases bíblicas que defendem o inclusivismo, segundo os inclusivistas são elas (Jo 12:32, At 10:43, 1 Tm 4:10 ).

Solus Christus

O inclusivismo é nocivo, é subjetivo, cheio de pressupostos, que são alimentados por vôos irresponsavelmente mais altos além do permitido e sua guinada máxima é dada sem o conceito da Soberania de Deus. Julgo ser uma boa intenção a busca frenética pelos inclusivistas de provar a autenticidade dessa doutrina, porém só de boas intenções não será feita uma doutrina bíblica, além do que, as aferições inclusivistas são insuficientes para apresentar uma cosmovisão consistentemente cristã. O inclusivismo em sua espinha dorsal, ladeada com supostas provas bíblicas procura analisar os textos onde a palavra salvação ou seus derivantes aparecem construídos com a palavra “TODOS”, senão vejamos um de seus versículos chaves: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos até mim.” (Jo 12.32). Esse versículo garante-nos, que o propósito pelo qual Jesus morre é eficientemente cumprido, pois é garantido por sua própria palavra. Esse texto não prova que pessoas sem o conhecimento, predispostas, com alguns valores morais, serão salvas, mas sim que Jesus cristo atrairá seu povo para si. Não há garantia alguma de que aqueles que por ele serão salvos não o verão conscientemente, ou se salvarão por um conhecimento ininteligível de Jesus, mas sim serão por ele atraídos e pelo conhecimento de sua morte e ressurreição, ademais, o inclusivismo procura resolver o problema soteriológico do mal sem ponderar por quais motivos culpáveis o homem agora se vê pecador, incapaz de por si só, lograr êxito na sua salvação.

Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias.” Ec 7.29

A verdade que se obscura nos dias hoje, ao lado de uma teologia mancomunada com a proposta secularizante da pós-modernidade que relega Deus de sua soberania, é que o homem é pecador, nele não há bondade que o incline para Deus (Gn 6.5).

Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras.” Sl 58.3

Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos.” Ec 9.3

E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente.” Sl 143.2

Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?” Pv 20.9


 O inclusivismo por carecer de base bíblica consistente, permanece no campo movediço das conjecturas. As escrituras revelam-nos que o conhecimento cristalino da obra substitutiva de Cristo é quesito necessário para nossa salvação: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (jo 17:3). E esse conhecimento só se dará satisfatoriamente pelo conhecimento que a palavra de Deus possui em sua exclusividade: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” (Jo 7.38). A Escritura Sagrada não abre o leque para hipotecarmos sobre quaisquer meios além do já apresentado por ela mesma, que sem reservas apresenta-nos que a salvação sempre é, e sempre será antecedida pelo conhecimento de nossa dependência da graça que é conclusivamente manifesta em Jesus Cristo. O desejo desenfreado de sanar a questão soteriológica do mal superestima o homem, colocando-o em uma condição em que ele não está, conforme diz-nos a Palavra de Deus. Ele não está em condições legais para questionar a Deus por salvação, pois “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Rm 11.32). Não foi Deus quem se distanciou de nós, fomos nós que obstinadamente nos afastamos de Deus, e em decorrência dessa ação da qual somos plenamente responsáveis, Deus, no uso de sua justiça, julga-nos como culpados, e é isso que é inequivocamente declarado pelas escrituras (EF 2.1 - Rm 5.6). Sendo cada um de nós culpados por nossos erros, ante o Tribunal de Deus, agarrando-nos tão somente na graça que a nós se manifesta, oferecendo-nos a salvação que nós não merecíamos; como agora após o advento de Cristo, pela salvação, inquirimos de Deus que o mesmo agora apresente outros meios de efetuar a obra que ele, voluntariamente propôs em seu coração nos conceder, a despeito do juízo condenatório que justamente recai sobre nós como pecadores? Caso Deus não interviesse na terra, a favor da salvação humana, o que seria de nós? Essa pergunta não é nenhum pouco banal, pois fora feita de igual modo pelo Salmista:

“Se tu, SENHOR, observares as iniqüidades, Senhor, quem subsistirá?” SL 130.3

 O inclusivismo constitui-se numa argumentação ultrajante, egoísta e sobretudo antropocêntrica. Negar o Inclusivismo não significa restringir a magnitude do amor de Deus, pois esse amor já se manifesta pelas simples ação do Deus encarnado, que se revestindo de nossa restritibilidade humana, cumpre a lei a qual somos incapazes de cumprir, afim de que pela fé, confiemos em sua justiça, para que a mesma, pela fé seja imputada em nós. E por essa obra salvífica, Deus oportuniza ao ser caído, um único meio, uma única via, concedida por um único Deus, que exige dos pecadores uma única Fé. Quaisquer afirmações que se enveredem além do que a Palavra de Deus delimita, são meras especulações, impulsionadas por um mundo que a cada dia se distancia de Deus e de sua palavra, destronando assim a prova do seu amor, sua vinda sobre a terra, sendo mediada por ele, e somente por ele a salvação dos pecadores. Pela Escritura, certificamo-nos de que tais suposições estavam por Ela preditas, como sinais do fim dos tempos: “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos, repentina perdição” (2 Pe 2:1). Confesso que recorrer a esse versículo para contra-argumentar o inclusivismo, pode parecer à primeira vista, como uma tentativa violentamente fundamentalista. Contudo, mesmo que os que advogam a favor do inclusivismo não estejam se enquadrando entre aqueles que pelos versículos acima são denunciados como disseminadores de heresias, a proposta inclusivista, co-participa a obra salvífica de Cristo e sua exclusividade com demais formas religiosas de compreender a salvação, e quando esse “trem” estiver completamente descarrilado, é no cumprimento da profecia bíblica acima que isso tudo chegará. Cristo não pode ser ladeado com demais deuses, pois a “via dolorosa que ele caminhou”, é suficientemente poderosa para prover salvação para todos os que nele hão de crer: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1Jo 2:2). Quando os homens envolveram-se com ídolos, imputando sobre eles a Glória que só a Deus pertence, foram pelo Senhor veementemente repreendidos: “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens” (Sl 115:4). Se fosse possível, efetivar a salvação de forma sincrética entre o verdadeiro Deus e os demais deuses, não haveria motivos justificáveis da existência de tal versículo na Bíblia, mas é como declarou John Macarthur: “A heresia vem montada nos lombos da tolerância”, e não há heresia mais imperdoável do que manipular as Escrituras para adequá-la a uma compreensão pós-moderna de se pensar em Salvação. O mundo em que vivemos não se vê dependente de um Deus, de uma Lei, não consegue se ver dependendo da visão de um Deus que a tudo governa e transitar sobre um mundo que para esse Deus nada acontece a contragosto, pois nos detalhes da vida, ele Reina. E no tocante a salvação, nós vemos um mundo onde se manifestam diversas formas de se compreender Deus, e sua relação com a humanidade. Sendo o Cristianismo mais uma delas, atribuir-lhe a notoriedade, sobrepujando-o dos demais, diante de um mundo de inúmeras religiões, será no mínimo contraproducente, quando o desejo é nivelar o cristianismo com qualquer religião que tenha uma ética moral, no mínimo aproveitável. Porém, o Deus que conhecemos por sua palavra, corta a história destituindo deuses que comparados a Ele, nada são. Ele destronou Faraó, deus dos egípcios, Dagom, o deus dos Filisteus, Baal deus dos cananeus, Bel deus dos babilônicos, e em Cristo, ele se apresenta como o caminho, a verdade, e a vida e condiciona unicamente sobre si, a via que conduzirá o homem a salvação, quando diz “ninguém vem ao Pai, senão por mim”I (Jo 14: 6). É possível inferir desse texto e de outros correlatos, algo além da declaração de que por Jesus, e unicamente pelo conhecimento sobre esse Jesus, o homem será salvo? Temos legalidade bíblica para entendermos a obra da salvação sobre outro fundamento, que não seja Cristo Jesus? Quando Cornélio apresentou-se diante de Deus como homem, piedoso, as suas obras não lhe foram suficientes para abraçar a salvação, senão pela palavra que fora dada a Pedro, que por ordem de Deus, a Cornélio revelasse: “A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos); Esta palavra, vós bem sabeis, veio por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo que João pregou; Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.36-37). E a todos quantos Deus quiser salvar, tal palavra será soberanamente dispensada, não importa quão longínquo estejam os pecadores, pois a Escritura Sagrada garante: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6.37 – 1 Co 18.10), e Deus pela sua soberania, revelará ao pecador sua salvação, mesmo que nós, as vezes, devido ao nosso “conhecimento”, aprisionando Deus na torre de marfim de nossa exegese, não contabilizemos por não sabermos, aqueles a quem Deus tem se revelado: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mt 11:27). Deus salvará o seu povo, não importa onde habitem, nem a cultura pela qual estejam aprisionados, quando essa se interpõe contra o evangelho, e toda hipótese, construída sobre uma argumentação marginal, equiparando Jesus a outras formas de se compreender a fé, que não estejam fundamentadas pelas escrituras, devem ser repudiadas, mesmo que faça chover milagres, mesmo que unam todos os homens em concórdia (do ponto de vista religioso), pois nada podemos contra verdade senão pela verdade (2 Co 3.18).

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” At 4.12

 Essa verdade fez com que Paulo, dentro do Panteão, onde se cultuava a vários deuses, pregasse, a despeito das diversas compreensões de deuses ali existentes, O Deus por quem o mundo foi criado: “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; em tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação” (At 17: 24-26). Se caso estivéssemos na mesma condição, da experiência de Paulo, ante a uma diversidade de deuses, procuraríamos pregar com fidelidade a Fé em Cristo somente, ou reduziríamos a fé ao famigerado Sincretismo? Pois não renunciando essa verdade, porque sustentar a afirmação de que Deus a renunciaria, se valendo da compreensão que o mundo possa ter de deuses que não correspondem a sua Glória? “Eu sou o SENHOR; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura” (Is 42.8). Evidentemente, essa verdade tem sido preterida por uma visão mais racional ante ao pluriverso religioso que temos assistido. Mas aos que se rendem ao escrutínio da Palavra de Deus, não encontrarão nada além do Cristo, e a este crucificado (1 Co 2.2). O inclusivismo diante do crivo bíblico desmorona-se pela sua insuficiência e incoerência. Longe de apresentar a minha verdade, agarro-me naquilo que a Bíblia diz ser verdadeiro, e por ela declaro que, mesmo que porventura Deus, optasse por soberanamente intervir na história de outras formas mais, para salvar o homem, tal afirmação não poderia nunca, ser extraída da Bíblia posto que sobre algo além do Cristo revelado, ela se cala. Todos nós podemos ser classificados como povos não-evangelizados até que o evangelho se apresente a nós, e sempre o esforço evangelístico será justificado por aqueles que desconhecem o nome de Jesus, e isso soa-nos claramente como uma necessidade, ou seja, anunciarmos o nome de Jesus para que os que ainda não o conhecem, ouçam tal mensagem, para salvação. É como declara o Apostolo Paulo: “E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20). É necessário que o precioso nome de Jesus Cristo seja anunciado entre os homens para salvação, pois do contrário: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão se não há quem pregue?” (Rm 10.14). Perceba a necessidade, declarada por Paulo de anunciarmos o nome de Cristo, pois deste conhecimento, como claramente é declarado, sobrevém-nos a crença para salvação. Selo minhas palavras, transcrevendo o texto que julgo ser decisivo sobre essa questão, que coloca-nos como puníveis diante de Deus, não importando onde habitemos.

Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. (Rm 1:  18-23, 2:12).

Onde a prédica não é cristocêntrica, não existe espaço para salvação, senão densas trevas de condenação.

Graça e Paz
Mizael Reis